Pegando um gancho do trabalho sobre blogs e participação, pensei em recomeçar aqui no Manga com uma temática sobre a relação que as Relações Públicas têm com a questão da participação.
Hoje, a grande maioria das empresas que contratam profissionais de Relações Públicas para cuidarem da comunicação interna tem como um dos objetivos dessa contratação fazer com que seus funcionários ou colaboradores participem da organização com sugestões que contribuam para um aperfeiçoamento da mesma e que esses trabalhadores também se sintam participantes desse processo e da empresa como um todo.
Para isso, segundo a teoria das Relações Públicas, é imprescindível que o profissional tenha como base de atuação uma coisa: a “comunicação simétrica de duas mãos”. Quando alguém utiliza essa expressão só falta abrirem as nuvens do céu e uma luz celestial surgir juntamente com um coral de anjos (cantando “ohhhh”) de tão endeusada que ela me parece.
Forjado por Grunig e Hunt, o modelo simétrico de mão dupla remete ao diálogo e a troca de informações, em detrimento da simples emissão e difusão, que seria o caso do modelo de mão única. Além disso, o complemento simétrico à expressão pressupõe atores em igualdade – ao contrário do modelo assimétrico – pois não há um que teria maior poder nessa comunicação e assim, o resultado desse diálogo beneficiaria, então, tanto os públicos quanto a organização.
Inclusive a teórica Margarida Kunsch fala sobre a utilização desse modelo: “na visão mais moderna de relações públicas, em que há busca de equilíbrio entre os interesses da organização e dos públicos envolvidos” Kunsch (1997, p. 110).
Esse modelo, então, pressupõe uma comunicação igualitária, que conseqüentemente produziria resultados em pé de igualdade, um “equilíbrio entre os interesses”, de forma que todos sairiam ganhando.
Mas, afinal, e a participação? O que é participar?
Segundo a autora Cicilia Peruzzo, diz que “participar diz respeito ao acesso a algo, mas variam as formas e a intensidade do participar. Em todos os casos, participação relaciona-se com exercício do poder, implica em sua concentração ou partilha” (A Participação na Comunicação Popular. São Paulo, 1991).
É impossível querer não se atentar para o fato de que uma empresa é hierárquica. Há aqueles que mandam e aqueles que sugerem. Independente das transformações pelas quais estão passando as organizações, patrões e funcionários não está em pé de igualdade quando se utiliza como critério o poder que cada um tem dentro da empresa.
Não se trata, aqui, de afirmar que por isso nunca vai haver uma comunicação entre os colaboradores e a empresa, bem como um respeito mútuo, mas sim de afirmar que é imprescindível para o Relações Públicas entender de forma complexa o contexto no qual ele trabalha, ao invés de seguir modelos que mascaram a realidade dentro de um ambiente marcado por uma hierarquia.
Dessa forma, a comunicação dentro de uma organização privada não é simétrica, pois as relações existentes dentro desta não são. Independente de qualquer política de motivação, a empresa não é dos colaboradores. Eles apenas colaboram com os donos dela.
Hoje, a grande maioria das empresas que contratam profissionais de Relações Públicas para cuidarem da comunicação interna tem como um dos objetivos dessa contratação fazer com que seus funcionários ou colaboradores participem da organização com sugestões que contribuam para um aperfeiçoamento da mesma e que esses trabalhadores também se sintam participantes desse processo e da empresa como um todo.
Para isso, segundo a teoria das Relações Públicas, é imprescindível que o profissional tenha como base de atuação uma coisa: a “comunicação simétrica de duas mãos”. Quando alguém utiliza essa expressão só falta abrirem as nuvens do céu e uma luz celestial surgir juntamente com um coral de anjos (cantando “ohhhh”) de tão endeusada que ela me parece.
Forjado por Grunig e Hunt, o modelo simétrico de mão dupla remete ao diálogo e a troca de informações, em detrimento da simples emissão e difusão, que seria o caso do modelo de mão única. Além disso, o complemento simétrico à expressão pressupõe atores em igualdade – ao contrário do modelo assimétrico – pois não há um que teria maior poder nessa comunicação e assim, o resultado desse diálogo beneficiaria, então, tanto os públicos quanto a organização.
Inclusive a teórica Margarida Kunsch fala sobre a utilização desse modelo: “na visão mais moderna de relações públicas, em que há busca de equilíbrio entre os interesses da organização e dos públicos envolvidos” Kunsch (1997, p. 110).
Esse modelo, então, pressupõe uma comunicação igualitária, que conseqüentemente produziria resultados em pé de igualdade, um “equilíbrio entre os interesses”, de forma que todos sairiam ganhando.
Mas, afinal, e a participação? O que é participar?
Segundo a autora Cicilia Peruzzo, diz que “participar diz respeito ao acesso a algo, mas variam as formas e a intensidade do participar. Em todos os casos, participação relaciona-se com exercício do poder, implica em sua concentração ou partilha” (A Participação na Comunicação Popular. São Paulo, 1991).
É impossível querer não se atentar para o fato de que uma empresa é hierárquica. Há aqueles que mandam e aqueles que sugerem. Independente das transformações pelas quais estão passando as organizações, patrões e funcionários não está em pé de igualdade quando se utiliza como critério o poder que cada um tem dentro da empresa.
Não se trata, aqui, de afirmar que por isso nunca vai haver uma comunicação entre os colaboradores e a empresa, bem como um respeito mútuo, mas sim de afirmar que é imprescindível para o Relações Públicas entender de forma complexa o contexto no qual ele trabalha, ao invés de seguir modelos que mascaram a realidade dentro de um ambiente marcado por uma hierarquia.
Dessa forma, a comunicação dentro de uma organização privada não é simétrica, pois as relações existentes dentro desta não são. Independente de qualquer política de motivação, a empresa não é dos colaboradores. Eles apenas colaboram com os donos dela.
Por favor, colaborem e comentem!
Fontes:
GRUNIG, James E. A função das relações públicas na administração e sua contribuição para a efetividade organizacional e societal. Palestra proferida na cidade de Taipei (Taiwan), em 12 de maio 2001. Disponível em: http://revcom2.portcom.intercom.or. php/cs_umesp/article/view/142/102.
KUNSCH, Margarida. Obtendo resultados com relações públicas. São Paulo: Pioneira, 1997.
Fontes:
GRUNIG, James E. A função das relações públicas na administração e sua contribuição para a efetividade organizacional e societal. Palestra proferida na cidade de Taipei (Taiwan), em 12 de maio 2001. Disponível em: http://revcom2.portcom.intercom.or. php/cs_umesp/article/view/142/102.
KUNSCH, Margarida. Obtendo resultados com relações públicas. São Paulo: Pioneira, 1997.
Postado por: Valquíria
3 comentários:
sou sempre a favor da "simetria"... hehehhee
brincadeiras a parte... concordo com vc, val! acredito que podemos amenizar essa hierarquia existente, deixar algo mais democrático, mas é preciso muito bom senso, argumentação e pulso firme...
"Há aqueles que mandam e aqueles que sugerem".
É EXATAMENTE ISSO!
E a resposta não é sentar e chorar pq se está terminando um curso que literalmente despreza as desigualdades (sejam elas sociais, raciais, de gênero, de poder etc) para sustentar a ideologia de que "harmonizar interesses" ou "consolidar a participação nas decisões" é possível. Pode ser relativamente possível, mas sempre tem um que vai mandar e outro que vai apenas sugerir. Isso é justo? Isso é contribuir para uma ressignificação da profissão?
Mesmo que o objetivo não seja ressignificar a profissão, pelo menos há que se entender que toda essa febre de fazer funcionários participar, horizontalizar e flexibilizar relações dentro de uma organização fazem parte de um modelo mundial de gestão empresarial. ELES NÃO EXISTEM PORQUE EXISTEM RELAÇÕES PÚBLICAS "ÉTICOS". É só a nova lógica da produção neoliberal.
Acho triste algumas pessoas ainda pensarem que aulas como a de Realidade Socioeconômica e Política Regional não servem pra nada...
E tem gente que opta por ser cego. Dá pra acreditar?
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