Um brinde ao Manga com Leite!

Comer manga com leite causa indigestão e pode ser fatal. Será?

Essa crença surgiu na época da escravidão. Os senhores de engenho criaram o mito para impedir que seus escravos não comessem as mangas e nem tomassem o leite de sua propriedade. A invenção caiu no consenso popular e permanece até os dias de hoje. Desde crianças ouvimos crenças e histórias passadas de geração a geração e muitas vezes não nos questionamos sobre seu real sentido.
Com a profissão de Relações Públicas acontece a mesma coisa. A área fica presa a discussões “clássicas” e a conceitos importados de outros países que não a levam a rumo nenhum e muitas vezes não condizem com a realidade brasileira. O medo que muitos têm de não passar por cima dos “conselhos da vovó” faz com que a prática das Relações Públicas caia no senso comum, não busque novos caminhos, não considere teorias relevantes e nem o contexto sócio-histórico em que se encontra.

Por isso, o Manga com Leite. Aqui desconstruiremos as normas pré-estabelecidas da profissão e buscaremos novas e polêmicas concepções para debate que levem a uma mudança de consciência do profissional de Relações Públicas. Esperamos que a comunidade de RP se interesse pelo blog e participe conosco das discussões.

Obrigada e uma batida de manga com leite para todos!

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Contramão



Pegando um gancho do trabalho sobre blogs e participação, pensei em recomeçar aqui no Manga com uma temática sobre a relação que as Relações Públicas têm com a questão da participação.

Hoje, a grande maioria das empresas que contratam profissionais de Relações Públicas para cuidarem da comunicação interna tem como um dos objetivos dessa contratação fazer com que seus funcionários ou colaboradores participem da organização com sugestões que contribuam para um aperfeiçoamento da mesma e que esses trabalhadores também se sintam participantes desse processo e da empresa como um todo.

Para isso, segundo a teoria das Relações Públicas, é imprescindível que o profissional tenha como base de atuação uma coisa: a “comunicação simétrica de duas mãos”. Quando alguém utiliza essa expressão só falta abrirem as nuvens do céu e uma luz celestial surgir juntamente com um coral de anjos (cantando “ohhhh”) de tão endeusada que ela me parece.

Forjado por Grunig e Hunt, o modelo simétrico de mão dupla remete ao diálogo e a troca de informações, em detrimento da simples emissão e difusão, que seria o caso do modelo de mão única. Além disso, o complemento simétrico à expressão pressupõe atores em igualdade – ao contrário do modelo assimétrico – pois não há um que teria maior poder nessa comunicação e assim, o resultado desse diálogo beneficiaria, então, tanto os públicos quanto a organização.

Inclusive a teórica Margarida Kunsch fala sobre a utilização desse modelo: “na visão mais moderna de relações públicas, em que há busca de equilíbrio entre os interesses da organização e dos públicos envolvidos” Kunsch (1997, p. 110).

Esse modelo, então, pressupõe uma comunicação igualitária, que conseqüentemente produziria resultados em pé de igualdade, um “equilíbrio entre os interesses”, de forma que todos sairiam ganhando.

Mas, afinal, e a participação? O que é participar?

Segundo a autora Cicilia Peruzzo, diz que “participar diz respeito ao acesso a algo, mas variam as formas e a intensidade do participar. Em todos os casos, participação relaciona-se com exercício do poder, implica em sua concentração ou partilha” (A Participação na Comunicação Popular. São Paulo, 1991).

É impossível querer não se atentar para o fato de que uma empresa é hierárquica. Há aqueles que mandam e aqueles que sugerem. Independente das transformações pelas quais estão passando as organizações, patrões e funcionários não está em pé de igualdade quando se utiliza como critério o poder que cada um tem dentro da empresa.

Não se trata, aqui, de afirmar que por isso nunca vai haver uma comunicação entre os colaboradores e a empresa, bem como um respeito mútuo, mas sim de afirmar que é imprescindível para o Relações Públicas entender de forma complexa o contexto no qual ele trabalha, ao invés de seguir modelos que mascaram a realidade dentro de um ambiente marcado por uma hierarquia.

Dessa forma, a comunicação dentro de uma organização privada não é simétrica, pois as relações existentes dentro desta não são. Independente de qualquer política de motivação, a empresa não é dos colaboradores. Eles apenas colaboram com os donos dela.
Por favor, colaborem e comentem!

Fontes:

GRUNIG, James E. A função das relações públicas na administração e sua contribuição para a efetividade organizacional e societal. Palestra proferida na cidade de Taipei (Taiwan), em 12 de maio 2001. Disponível em: http://revcom2.portcom.intercom.or. php/cs_umesp/article/view/142/102.

KUNSCH, Margarida. Obtendo resultados com relações públicas. São Paulo: Pioneira, 1997.

Postado por: Valquíria

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Organizações vista como cérebro? Uma metáfora instigante


Para o profissional que se interessa pela área empresarial das Relações Públicas, alguma vez você já parou para pensar as organizações vistas como cérebros? Essa é uma metáfora interessante para os profissionais que possuem uma visão viva das organizações. O autor que utiliza de maneira detalhada essa questão é o Gareth Morgan.

Quando analisamos a organização vista como cérebro podemos pensá-la como sendo um relacionamento entre partes especializadas ligadas por linhas de comunicação, comando e controle. Nesse contexto, as organizações são observadas como sistemas de processamento de informações capazes de aprender a aprender. Quando abordamos a questão, aprender a aprender, seria no sentido de uma aprendizagem em circuito duplo, o qual analisa por meio de um “olhar-se duplamente” a situação, questionando a relevância das normas de funcionamento. Muitas organizações apropriam-se da aprendizagem de circuito único, que apenas detecta o erro e o corrige em relação à situação em questão, não possuindo um olhar diferenciado, estratégico e questionador.

E onde há espaço para atuação de nós profissionais de Relações Públicas? Esse olhar duplamente envolve o que chamamos de cultura organizacional e essa é uma das interações existem em uma organização: cultura e comunicação. Nesse cenário de relacionamentos entre partes interagidas por linhas de comunicação é que se encontra o RP. Um dos seus papeis estaria na tentativa de criar um processo de gestão de relacionamento que estimule a empresa a evoluir do ponto de vista cultural, em que a construção de valores estaria presente no processo.

Na atualidade, pensar e analisar as organizações tornou-se uma complexidade já que podemos dizer que a própria organização é considerada como complexa, exclusivamente, por envolver âmbitos distintos como: os indivíduos, as relações de trabalho entre outros. Fica aqui uma sugestão para nós profissionais da área refletirmos.


Tania Russomano

Referências teóricas:

MORGAN, Gareth. Imagens da organização. São Paulo: Atlas, 2007.

MARCHIORI, Marlene. Cultura e Comunicação Organizacional: um olhar estratégico sobre a organização. São Caetano do Sul: Difusão, 2006.

Ser RP é ser profissional?


Já que as últimas postagens do Manga com Leite têm levantado as angústias e dúvidas da iminente vida profissional e até questionado o que é realmente ter uma postura profissional, opto por continuar nessa linha de discussão, que penso ser tão saudável e necessária a essa altura da nossa trajetória acadêmica.


Recentemente lembrei-me de um texto de Paulo Freire que trata do compromisso do profissional com a sociedade. Transplantando as idéias do autor para a realidade das Relações Públicas, será que nós, futuros RPs, quase ex-unespianos, temos algum compromisso com a sociedade?


Antes de sermos profissionais, somos seres humanos! E seres humanos devem comprometer-se por si mesmos. E isso não sou eu que digo, é o Freire.


Só pode comprometer-se com algo quem reflete sobre si e sobre o mundo e AGE. Quem não reflete não transforma nada, e menos ainda marca espaço dentro da profissão. São esses que, na situação concreta, se encontram convertidos em “coisas”. O profissional deve somar ao seu compromisso humano, o novo compromisso profissional. E esses não podem ser contraditórios, mas complementares. Assumimos nosso compromisso profissional desde que escolhemos fazer-nos profissionais.


E o que tudo isso quer dizer, afinal?


Faz sentido eu, enquanto ser humano, me solidarizar com a pobreza brasileira e achar que algo tem que ser feito para mudar essa realidade, mas, enquanto profissional, me afundar na minha carreira enchendo os bolsos e rindo à toa e só tendo contato com essa pobreza na televisão ou na revista alternativa? É a tal da práxis.


Quem se compromete com a desumanização, assume pra si a desumanização.


Não nos esqueçamos que mesmo trabalhando em uma multinacional alemã, inglesa ou norte-americana, ainda habitamos um país de economia periférica e dependente, que importa mercadorias e idéias. Esquecer (ou deixar de lado) essa realidade é assumir pra si a não-autonomia da própria vida. É reproduzir essa dependência e, pior, é querer ser dependente enquanto Relações Públicas, enquanto profissional.


Infelizmente, pra muitos isso tudo não fará o menor sentido e pode soar como demagogia. Tudo bem, eu ainda respeito as diferenças, já que aprendi que “ninguém pode fazer xixi pelo outro”.


Para terminar, o texto do Freire traz uma pergunta brilhante que deixo aqui para reflexão: quem pode comprometer-me? Penso que essa é a faca de dois gumes para toda a discussão do ser profissional. Uma dica: “Estou cego. Ninguém o diria. Apreciados como neste momento é possível, apenas de relance, os olhos do homem parecem sãos, a íris apresenta-se nítida, luminosa, a esclerótica branca, compacta como porcelana” (Ensaio sobre a cegueira – José Saramago).


O texto “O Compromisso do Profissional com a Sociedade – Paulo Freire” pode ser consultado na íntegra em: <http://www.enecos.org.br/xiiicobrecos/arquivo/htm/036.html>.



Thais Marin

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Dá pra pular?



Foi para estar em uma faculdade que muitos olhos se fecharam pra sonhar e desejar, num gesto de fé, esperança e torcida fervorosa. Mas por que nossos olhos se fecharam tanto? O que estaria por vir nesses anos chamados de " os melhores da sua vida" ?

Superações, como passar no vestibular e superar tantos mil concorrentes. Sim! Essa é uma satisfação que alimenta o ego e faz bem!!! Não dá pra negar, a superação própria e de outras pessoas nos deixa muito satisfeitos. Mas o que nos aguardaria nos ´"anos incríveis" de nossas vidas??

Morar fora, sem a autoridade dos pais nos controlando?? SIM!!

Dividir uma casa, um apartamento com pessoas desconhecidas, da mesma idade e que querem, quase sempre, o mesmo que você? SIM!!

Explorar todas as possibididades que a universidade (e nossa, como esse nome traz consigo uma força incrível: UNIVERS(O)idade! Um mundo novo! Onde o desconhecido é o que mais nos instiga e nos leva a ele! ( E quando eu falo de todas as possibilidades e oportunidades, não me refiro apenas as atividades academicas... oportunidades como conhecer pessoas, culturas, festas. Criar vínculos e crescer! Amadurecer com tudo que esse novo universo nos traz!).

Mas, depois dessa experiencia toda vivida, quase quatro anos entre as festas, integrações e os trabalhos, os estágios e as responsbilidades que assumimos conosco e com os professores, será que estamos prontos para dar um passo a mais? E será que esse passo é somente um passo?

Enquanto dentro da universidade nossa maior falha resultaria em uma RE ou uma DP, agora, como profissionais nossa falha não prejudica apenas nós mesmos. Sim, nossas responsabilidades aumentam! Não somente com relação as nossas cobranças (que sempre nos levam àquela superação inicial) mas, também, outras pessoas dependerão de nós! Empresas, clientes, fornecedores... Meu Deus!

Insegurança. Será que realmente esse amadurecimento que acreditamos ter tido durante a universidade nos preparou para sermos profissionais? Será que, naturalmente, conseguiremos cortar o cordão umbilical que criamos com esse momento de vida e passaremos a ser bons profissionais no mercado tão competitivo?

Parece tão díficil pular esse abismo. Será que dá!?


Marcela Barbin

A HORA DO PESADELO II


A HORA DO PESADELO I => Vestibular: superado! (há quase quatro anos)

A HORA DO PESADELO II => Procura de um emprego: nem sei o que escrever aqui...


"E agora?" esta perguntinha clássica que todas as pessoas da sua família e do seu ciclo de amizades fazem pra você no último ano de faculdade. Mas o pior mesmo é aquela outra perguntinha: "Onde você vai trabalhar?" E esta pergunta até a tia do bar da frente da faculdade faz.

NÃO SEI AINDA ONDE VOU TRABALHAR, NÃO SOU VIDENTE! Se soubesse estaria menos aflita.


O que posso fazer no momento é procurar, tentar, buscar e se tudo correr bem, superar mais uma fase da minha vida. Desejo sorte, muita sorte a todos os colegas de sala e mim mesma!


Flávia Zago

Bruxas, Madrastas e Cruelas


O que escreverei agora não é nada relacionado diretamente à profissão de Relações Públicas e sim para qualquer profissional.


Aliás, é mais uma dúvida pessoal mesmo... então vamos lá!


O que é ser profissional?


Possuir essa postura é bem complicado, já que envolve ética, moral, cordialidade, o que para muitos é algo subjetivo.


Pode até ser meio dramatizador, mas a verdade é que nesse mundo capitalista a competitividade tomou uma proporção muito grande. Desde que nascemos, já fomos inseridos em alguma disputa: quem começou a andar primeiro, quem largou as fraldas, quem é o primeiro aluno da turma, quem passou no vestibular, quem conseguiu o primeiro estágio, quem foi efetivado, quem foi promovido...


O ruim é que as richas só tendem a piorar. A medida que crescemos, podemos analisar que o mundo é mais cruel do que podemos imaginar. O mundo não, mas as pessoas. Lembram-se daquela frase "quanto mais alto, o tombo é maior"? Pois é, agora imaginem tamanha competição que envolve muito dinheiro. Aí a coisa fica feia.


Parece fácil encarar apenas uma briga feia, né? Mas e o lado emocional desses profissionais? Não consigo ser fria e calculista... simplesmente não consigo não me abalar com certas... será que pra ser uma excelente profissional terei que me tornar insensível?



Ellen Suzuki

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

evolução X ética

A evolução nos meios de comunicação ocorreu de tal maneira que acarretou em uma melhora, um crescimento e uma difusão muito rápida. Já notaram que nós estamos preseciando o “boom” da tecnologia? Não sei se é ousadia minha em dizer isso, mas pelo menos eu sinto. Quem é que não lembra quando o acesso à internet era raro? Ou que o telefone móvel (vulgo celular) ainda era apenas um sonho? E em quanto tempo houve a evolução do mp3 para o mp5?

Por outro lado, essa democratização dos meios tecnológicos, mais precisamente da internet, tornou acessível a violação de privacidade (orkut), a veiculação de pornografia (youporn), a disseminação de ideais preconceituosos e um poderio da mídia de construir uma realidade fantasiosa que muitos acreditam. Além disso, o controle sobre a imprensa ficou quase que impossível. Já imaginaram se Getúlio Vargas surgisse agora e quissesse manipular os meios de comunicação?

Notou o grau da situação? Qualquer um, se quiser, pode expressar a sua opinião através da internet, como eu mesma estou fazendo nesse blog. Qualquer um pode espalhar um boato e isso pode ter enormes conseqüências, dependendo a quem ou o que está se referindo.

Então, perceba que o número de atores nessa difusão da informação também aumentou e, conseqüentemente, a responsabilidade pela ética não cabe, agora, apenas aos comunicólogos, mas ao público juntamente. Mas como controlar um consumidor revoltado com uma empresa? Quando você é super mal atendido em uma empresa conceituada, a sua vontade não é de contar pra todo mundo e pedir pra que nunca mais comprem na tal empresa?

O meu intuito seria falar sobre como o RP trabalha nesse contexto, mas decidi levar o foco dessa discussão para outro lado, até mesmo pra encaixar melhor no real propósito que esse blog foi criado.

Há um tempo atrás, não muito, lutou-se pelo direito à liberdade de expressão, de opinião, de acesso à comunicação e tudo mais. Conseguimos! Pra quê? Pra ficarmos xingando uns aos outros? Apenas criticar e falar mal? A proporção de matérias drásticas, de catástrofes e de fofoquinhas é muito maior do que matérias científicas, com informações que realmente acrescentem o nosso conhecimento.

Discutir acerca da ética pode estar em alta. Controle de qualidade, deontologias, comitês de ética e conselhos de imprensa vêm surgindo cada vez mais pra tentar controlar esses meios. Mas como já foi dito, é quase que impossível! Acho que é preciso que cada ator desse processo busque uma responsabilidade geral e solidária, já que conseguirmos a liberdade de comunicação. É preciso uma democratização da verdadeira informação.

Por acaso, você faz a sua parte?






Ellen Suzuki