Um brinde ao Manga com Leite!

Comer manga com leite causa indigestão e pode ser fatal. Será?

Essa crença surgiu na época da escravidão. Os senhores de engenho criaram o mito para impedir que seus escravos não comessem as mangas e nem tomassem o leite de sua propriedade. A invenção caiu no consenso popular e permanece até os dias de hoje. Desde crianças ouvimos crenças e histórias passadas de geração a geração e muitas vezes não nos questionamos sobre seu real sentido.
Com a profissão de Relações Públicas acontece a mesma coisa. A área fica presa a discussões “clássicas” e a conceitos importados de outros países que não a levam a rumo nenhum e muitas vezes não condizem com a realidade brasileira. O medo que muitos têm de não passar por cima dos “conselhos da vovó” faz com que a prática das Relações Públicas caia no senso comum, não busque novos caminhos, não considere teorias relevantes e nem o contexto sócio-histórico em que se encontra.

Por isso, o Manga com Leite. Aqui desconstruiremos as normas pré-estabelecidas da profissão e buscaremos novas e polêmicas concepções para debate que levem a uma mudança de consciência do profissional de Relações Públicas. Esperamos que a comunidade de RP se interesse pelo blog e participe conosco das discussões.

Obrigada e uma batida de manga com leite para todos!

domingo, 30 de setembro de 2007

Ombudskvinna


A palavra “ombudsman” tem origem sueca. “Ombud” quer dizer representante e “man”, homem. Segundo a Wikipedia, “ombudsman é um profissional contratado por um órgão, instituição ou empresa que tem a função de receber críticas, sugestões, reclamações e deve agir em defesa imparcial da comunidade”. Porém, alguns teóricos da etimologia atribuem para o termo um outro significado citado nesse blog aqui: http://ombudsman-apv.blogspot.com/2005/07/ombudsman-verdadeira-origem-da-palavra.html. Pode estar meio desatualizado, mas garanto que pode ser muito útil, principalmente contra o mau-humor (até pensei em colocar esse significado alternativo direto no mangacomleite, mas achei melhor, por motivos de discrição, deixar em link só para quem realmente quisesse ler).

Bom, vamos à difícil tarefa de comentar os blogs dos meus companheiros de sala.

Decidi escrever uma crítica geral, sem citar blogs ou pessoas, para não me ater a descrições, nem a comentários pontuais, mas simplesmente questionar qual o verdadeiro objetivo dos blogs e se há outras formas de utilizá-los. Quanto à “defesa imparcial da comunidade”... acho que vai ter que ficar para depois.

Achei muito interessante poder ler textos produzidos por meus amigos. Muitas vezes, estudamos na mesma sala, mas não temos a chance ou a curiosidade de pegar trabalhos ou outras produções dos colegas para ler. A atividade proposta em uma disciplina tornou-se transformadora porque percebi a qualidade desses textos e aprendi muita coisa que não encontraria em livros de teóricos das Relações Públicas já consagrados.

Contudo, também tenho uma crítica que espero que seja construtiva. Ao buscar em alguns blogs opiniões sobre assuntos ligados às Relações Públicas, encontrei alguns textos que apenas traziam informações reproduzidas. Não que elas também não sejam válidas, é uma outra maneira de repassar o que foi visto, mas, acredito que o uso desse meio de comunicação poderia se tornar mais fértil se pudéssemos expor idéias diferentes das encontradas em alguns sites de comunicação empresarial, em descrições das ferramentas de Relações Públicas e dos campos nos quais o profissional pode atuar, etc. Na verdade, acredito que todos têm contribuições muito profundas para dar, mas é preciso esquecer a lógica apreendida desde a escola e reafirmada por grande parte dos professores universitários de que um trabalho serve apenas para escrever de um outro jeito o que já foi dito.






Aplaudo à Carolina, do blog Conhecendo Relações Públicas, que citou como se pode explorar esse espaço virtual que é o blog e todas suas características e possibilidades ao máximo, destacando-se sempre a reflexão.

Essa é, com certeza, uma opinião nada imparcial sobre o que me atrai ao abrir cada blog para ler. Diga-se de passagem, idéias novas, questionamentos de modelos já padronizados e propostas de mudanças me atraem seja onde for.



Ah! E ombudskvinna é o feminino, em sueco, de ombudsman.






Postado por: Valquíria

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

RP em RH?

Será que é possível? Mas os recursos humanos não é área dos psicólogos?


Recursos Humanos não é apenas seleção e treinamento de colaboradores, mas também pode cuidar do bom funcionamento comunicacional e conseqüentemente da harmonia do ambiente organizacional. Essas últimas funções citadas não engloba a psicologia, mas sim as Relações Públicas.

Para que haja a eficácia na comunicação organizacional é de extrema importância que a instituição seja integrada e, para isso, é essencial manter as equipes inteiradas e motivadas. Dentro dela é preciso que apenas um ideal sobre a empresa seja passado, criando um bom senso comum na empresa...

Bom senso. Mas o que seria esse "bom senso", sendo que cada um tem o seu? Criar um bom senso comum dentro de uma organização cabe ao profissional de Relações Públicas disseminar através de um programa de comunicação interna que seja eficiente, esclarecendo a verdadeira missão, objetivos e metas da organização onde as ações equilibram os interesses tanto internos, quanto externos.

Dessa forma, o Relações Públicas cria uma ação política para um ambiente estratégico de incentivo para que os colaboradores sintam-se parte da organização e não apenas mais um dentro dela. Assim, desenvolve um lado humanizador Fazer com que eles "vistam a camisa" da empresa e comprometam-se com ela, firmando ainda mais a identidade organizacional.

Ellen Suzuki

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Nova combinação - nada indigesta


Manga com leite - aproveitando a proposta do nosso blog, este texto trata rapidamente de outra combinação que não é indigesta, nem fatal: Relações Públicas, Publicidade e Propaganda.
Tais atividades são classificadas como distintas no campo comunicação, mas é inegável que suas cargas teóricas, técnicas e ferramentas se assemelham e podem atuar juntas.
Um exemplo disso é a propaganda institucional. Muitos comunicólogos consideram que a Propaganda Institucional - denominada por alguns autores americanos de Propaganda de Relações Públicas- é uma área em que as atividades de Relações Públicas e Propaganda se integram.
As informações divulgadas a respeito de uma organização, seus recursos e políticas, permitem que os públicos se predisponham a uma atitude mais favorável perante a empresa e seus produtos. E uma das áreas de atuação das relações públicas organizacionais é justamente estimular a confiança entre a instituição e seus clientes, trabalhando a favor da “boa imagem” institucional.
Além disso, a estrutura comunicacional da Publicidade aproxima-se das relações públicas no sentido de buscar convencer um público. Para que isso aconteça de maneira eficaz, deve-se primordialmente detectar o público alvo e escolher a melhor forma de levar a informação a ele, tudo isso sem contar o quanto uma pesquisa de mercado pode auxiliar na venda e na fixação da marca de um determinado produto. E essas são algumas áreas de atuação das Relações Públicas.
Esta é uma breve postagem do Manga com Leite que diz respeito a apenas um exemplo de atuação das Relações Públicas em conjunto com outras áreas.





Flávia Zago

domingo, 23 de setembro de 2007

RP herói ou “Você discorda?”

Eu, definitivamente, cansei.

Não com tanta ênfase como dei na frase, mas cansei sim. Cansei daquelas eternas discussões que todo estudante de Relações Públicas (tudo bem, o “todo” é mentira. A gente sabe que grande parcela dos RPs nunca pararam pra pensar nisso) já discutiu em algum momento da sua vida: o que é, na verdade, a atividade de Relações Públicas?; faz diferença ser formado em uma faculdade pública ou particular?; o estudante da faculdade pública tem que se dedicar ao “social’ pra devolver à sociedade o seu “investimento” nele?; como ligar a teoria às técnicas?; o que o mercado deseja de um RP? etc.

E muitos outros blá blá blás que são essenciais, mas que pensados de modo cartesiano, maniqueísta e sem qualquer embasamento não levam a lugar algum. Mas, como boa teimosa, eu continuo a querer discutir essas mesmas e desgastadas questões. Um dia alguém muda de idéia (ou de profissão...).

É fato que não há uma consciência de categoria entre os profissionais de RP. E isso fica comprovado quando esses mesmos profissionais vão a encontros, congressos e seminários e palestram sobre sua própria experiência mercadológica. Até aí, tudo lindo! Mas quando a discussão começa a partir pras raízes da profissão, pra sondar seu real significado e importância, cada um foge pro seu lado. Todos ficam presos ao seu mundo de trabalho, às suas razões que servem de guia no dia-a-dia e não se abrem a novas idéias, não se questionam se o que fazem é realmente ético (“Eu trabalho lá, é claro que minha empresa é ética!”) e não ficam frustrados em falar que seu cargo na empresa X é “Assessor de Comunicação” ou “Assessor de Marketing” ou “Gerente de Comunicação” ou “Assistente de Propaganda” e muitos outros ous que não ajudam a fortalecer a categoria e a atividade, que, aliás, é RELAÇÕES PÚBLICAS!

Se a própria categoria não se garante, o que será de concordar nas reais áreas de RP?

E essa discordância (ou uma concordância generalizada e superficial) é fácil de se encontrar em muitos TCCs (salvo umas boas grandes pesquisas), onde o RP sempre salva o mundo. Em qualquer lugar onde haja um problema, chame um RP! Ele e suas estratégias de comunicação vão fazer seu negócio bombar! É como se todos os problemas se resumissem à comunicação. Isso é não enxergar o “todo”, não enxergar o processo de construção de identidade em qualquer instituição. E disso decorre um endeusamento maníaco da profissão. Muitos estudantes (e eu me incluo nisso) acreditam que estão fazendo o melhor curso do mundo, pois, afinal, o RP sempre dá um jeito em tudo, ele é o grande solucionador. Na na ni na não! Esse RP herói é conseqüência de uma não essência da profissão. Todo mundo faz RP e cada um faz do seu jeito, cada um acha uma coisa e ponto final, e assim tudo passa.
Ontem, tive o privilégio de presenciar em uma palestra no I ERERP – Encontro Regional de Estudantes de Relações Públicas, uma das componentes da mesa dizer: “A diferença está na construção”. Exatamente! Bingo!

Pensando isso na formação, você pode obter sua graduação na Unesp ou na Fafofipa, você vai ter o título de RP do mesmo jeito. A diferença é o caminho percorrido até a conclusão da sua formação.

Discutir as diferenças de faculdades públicas e particulares não é tarefa tão simples. Vale lembrar o papel da universidade pública na sociedade, o papel do governo, o papel do homem como cidadão e uma pancada de papéis mais. É claro que cada ser humano vai decidir a área em que deseja atuar, afinal, ele não é o sujeito de sua própria história? Entretanto, o ponto crítico é esse “sujeito” não se esquecer de que está inserido em uma sociedade e que é parte dela, que a constrói ao mesmo tempo em que é construído por ela. E aí, é óbvio, que sua atuação faz toda a diferença pro seu entorno social. Você passou no vestibular a duras penas e agora quer gozar da faculdade e ganhar uma bolada de dinheiro em uma multinacional? Ótimo! Só não se esqueça de três perguntinhas básicas: quem paga a sua conta?; quem fala pra quem nessa organização? e como ela afeta a comunidade e você?

E quando se fala em responsabilidade social? Ahh! Socorro! Pra mim as coisas são simples. São três pontos distintos que se confundem entre as discussões: 1-o papel do homem como cidadão, como ser que participa e contribui; 2-o estudante de universidade pública, que pela construção histórica da própria universidade, é encaminhado a desenvolver pesquisas que, de algum modo, contribuam para a sociedade (mesmo que seja pesquisar o quanto um comercial de cerveja ou uma marca qualquer influenciam as pessoas) e 3-o Relações Públicas que, dentre as áreas de atuação, e com seu papel ético, realiza, constrói e pesquisa atividades de responsabilidade social e não de assistência social. Mas eu deixo toda essa discussão para uma próxima postagem...

E, por amor às rugas dos bons teóricos, teoria e prática andam juntas! A famosa “teoria” é, no limite, refletir sobre sua atuação, questionar o seu por quê, buscar embasamento pra atividade e não se debruçar sobre “O Capital” (em alemão!) e ler até criar barba feito o Marx! A regra é fácil: não vale reproduzir. E, sim, produzir. Mesmo que a produção seja um emaranhado de outras produções. (Eu não acredito em imparcialidade mesmo...) A regra é: pense sempre! Aliás, o estudante está na universidade pra aprender a pensar e muitos demoram pra descobrir isso ou nunca descobrem. Como ouvi uma vez: “a universidade é o momento de você experimentar, testar, questionar o seu conhecimento (boa!), pois no mercado ninguém tem tempo pra isso”.

Sinceramente? Parodiando o velho Vanderbild, “o mercado que se dane!” Tá, vou deixar a revolta de lado. Mas que fique claro que quem faz o mercado são as pessoas! (Salvo o poder das verdinha$$$) Atrás das grandes empresas e corporações existem pessoas. Sim, de carne e osso! Como eu e você! Lindo isso.

Ufa!

Reclamei, reclamei e reclamei. Você discorda? Acha que eu só falei abobrinha? Perfeito! Essa é a idéia! Eu apenas contei a minha leitura das Relações Públicas e seus contornos. Agora conta a sua! O conhecimento se constrói na dúvida e não nas certezas, vamos construí-lo então!

E, por hoje, chega.

Obs: E que fique certo que o meu “Cansei” é completamente diferente do Movimento Cansei da Praça da Sé. Eu, de verdade, tenho pequenos motivos pra estar cansada.

Thais R. Marin

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

O que é Relações Públicas Comunitárias?

O que é Relações Públicas já é uma pergunta que poucas pessoas se atreveriam a responder com alguma certeza. O que é Relações Públicas Comunitárias torna-se, então, uma definição ainda mais complexa.
Além do significado do termo, creio que uma questão a ser levantada é o respaldo teórico. Quais são as teorias que falam do assunto e quais metodologias são utilizadas? As mesmas que em comunicação empresarial? Qual é, em última instância, o objetivo das Relações Públicas Comunitárias?
Parece-me que, muitas vezes, as “Relações Públicas Comunitárias”, desenvolvidas em ONGs, no poder público, em empresas, ou até mesmo dentro de movimentos sociais, são utilizadas apenas em campanhas assistencialistas, em eventos para arrecadação de verbas, na comunicação de forma hierárquica, etc, que não visam a uma profunda transformação da sociedade. Elas são desenvolvidas externamente às classes oprimidas, ou seja, são realizadas para e não com essas. Ignorando, assim, a busca pela sustentabilidade, pela emancipação dos sujeitos e pela construção de uma sociedade igualitária.

“Longe de propor uma revolução ou ‘luta armada’, as relações públicas comunitárias neste sentido buscam o estabelecimento de canais mais verdadeiros de integração, onde o público seja realmente cidadão da comunicação. É fundamental para o relações públicas que ele se posicione como sujeito da história a serviço do coletivo e não como agente de criação de projetos para atender a fins individuais”.
Regina Célia Escudero César

Esta postagem é uma proposta de discussão que já foi iniciada em diversos meios, mas que ainda é escassa em outros.

Coloco aqui algumas indicações de sites e livros que falam sobre o assunto, para serem analisados, criticados e utilizados.

Sites:

http://www.comunicacaoempresarial.com.br/comunicacaoempresarial/artigos/comunicacao_corporativa/artigo9.php (de onde foi retirada a citação da autora Regina Célia Escudero César)

http://www.poli.usp.br/p/augusto.neiva/nesol/Publicações/IV%20Encontro/arquivos%20III%20Encontro/Rel-1.htm

http://www.poli.usp.br/p/augusto.neiva/nesol/Publicações/IV%20Encontro/arquivos%20III%20Encontro/Edu-5.htm

http://www.portal-rp.com.br/bibliotecavirtual/relacoespublicas/relacoescomospublicos/0015.htm

Livro:

Relações públicas comunitárias: A comunicação numa perspectiva dialógica e transformadora - Margarida e Waldemar Luiz Kunsch

Postado por: Valquíria P. Faustino

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

RP harmoniza relações?

Harmonia social. Um dos objetivos do profissional de Relações Públicas é harmonizar as relações? Mas o que significa harmonia no modo de produção capitalista? Não é a primeira vez que me pego pensando e analisando de um modo crítico essa definição da profissão de Relações Públicas encontrada em diversos livros de autores da área. Diante disso, para dar início a essa discussão acredito que o exercício do profissional no mundo globalizado contemporâneo não pode deixar de lado sua contextualização histórica. A profissão nasce no processo de desenvolvimento do modo de produção capitalista em que há dois eixos em contradição: de um lado aqueles que detêm o poder político e econômico e de outro aqueles que vendem sua força de trabalho. Nesse contexto de classes sociais distintas, a desigualdade marca as relações. Na atualidade, o modelo de produção capitalista que segundo Milton Santos é alimentado por um doutrinamento para o consumo, regulador das relações sociais e gerador da competitividade como regra absoluta ainda é evidente a presença dessas relações antagônicas entre as classes sociais. Sendo assim, de que maneira um profissional de Relações Públicas terá como objetivo harmonizar (conciliar) relações se no próprio contexto em que ele está inserido não há uma disposição ordenada das classes. O profissional de Relações Públicas em nenhum momento deve se dispor a tentar conciliar as relações, pois, dessa maneira, estaria anulando o sujeito da sua própria história. O exercício das Relações Públicas é fazer mediações, gerir conflitos, ou seja, ser um gestor da comunicação. Portanto, finalizo minhas contribuições por aqui tentando fazer uma reflexão sobre como desconstruir algumas normas pré-estabelecidas da profissão que é o intuito do nosso blog.

Tania Russomano