Harmonia social. Um dos objetivos do profissional de Relações Públicas é harmonizar as relações? Mas o que significa harmonia no modo de produção capitalista? Não é a primeira vez que me pego pensando e analisando de um modo crítico essa definição da profissão de Relações Públicas encontrada em diversos livros de autores da área. Diante disso, para dar início a essa discussão acredito que o exercício do profissional no mundo globalizado contemporâneo não pode deixar de lado sua contextualização histórica. A profissão nasce no processo de desenvolvimento do modo de produção capitalista em que há dois eixos em contradição: de um lado aqueles que detêm o poder político e econômico e de outro aqueles que vendem sua força de trabalho. Nesse contexto de classes sociais distintas, a desigualdade marca as relações. Na atualidade, o modelo de produção capitalista que segundo Milton Santos é alimentado por um doutrinamento para o consumo, regulador das relações sociais e gerador da competitividade como regra absoluta ainda é evidente a presença dessas relações antagônicas entre as classes sociais. Sendo assim, de que maneira um profissional de Relações Públicas terá como objetivo harmonizar (conciliar) relações se no próprio contexto em que ele está inserido não há uma disposição ordenada das classes. O profissional de Relações Públicas em nenhum momento deve se dispor a tentar conciliar as relações, pois, dessa maneira, estaria anulando o sujeito da sua própria história. O exercício das Relações Públicas é fazer mediações, gerir conflitos, ou seja, ser um gestor da comunicação. Portanto, finalizo minhas contribuições por aqui tentando fazer uma reflexão sobre como desconstruir algumas normas pré-estabelecidas da profissão que é o intuito do nosso blog.
Tania Russomano
Tania Russomano
Um comentário:
Como primeiro comentário, digo que a proposta é bastante ousada. Não indigesta, porém. Confesso que pode se tornar um grande pólo de discussão, sobretudo para se pensar as realizações de cada um dentro do curso até o momento. O que acham?
Quanto à postagem da Tania, considero bastante digna e de difícil solução teórica. Não é exagero falar que é possível escrever uma tese sobre o assunto. Talvez você tenha pegado na ferida - por sinal aberta - dos estereótipos das pseudo-teorias vigentes. "Harmonizar" sempre é forçar a nota, dentro destes novos contextos.
Não só para Tania, mas a todos, fica um trecho para ser melhor explicado ou desenvolvido: "O profissional de Relações Públicas em nenhum momento deve se dispor a tentar conciliar as relações, pois, dessa maneira, estaria anulando o sujeito da sua própria história". Certamente, ele vale a indigestão de alguns.
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