Um brinde ao Manga com Leite!

Comer manga com leite causa indigestão e pode ser fatal. Será?

Essa crença surgiu na época da escravidão. Os senhores de engenho criaram o mito para impedir que seus escravos não comessem as mangas e nem tomassem o leite de sua propriedade. A invenção caiu no consenso popular e permanece até os dias de hoje. Desde crianças ouvimos crenças e histórias passadas de geração a geração e muitas vezes não nos questionamos sobre seu real sentido.
Com a profissão de Relações Públicas acontece a mesma coisa. A área fica presa a discussões “clássicas” e a conceitos importados de outros países que não a levam a rumo nenhum e muitas vezes não condizem com a realidade brasileira. O medo que muitos têm de não passar por cima dos “conselhos da vovó” faz com que a prática das Relações Públicas caia no senso comum, não busque novos caminhos, não considere teorias relevantes e nem o contexto sócio-histórico em que se encontra.

Por isso, o Manga com Leite. Aqui desconstruiremos as normas pré-estabelecidas da profissão e buscaremos novas e polêmicas concepções para debate que levem a uma mudança de consciência do profissional de Relações Públicas. Esperamos que a comunidade de RP se interesse pelo blog e participe conosco das discussões.

Obrigada e uma batida de manga com leite para todos!

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

evolução X ética

A evolução nos meios de comunicação ocorreu de tal maneira que acarretou em uma melhora, um crescimento e uma difusão muito rápida. Já notaram que nós estamos preseciando o “boom” da tecnologia? Não sei se é ousadia minha em dizer isso, mas pelo menos eu sinto. Quem é que não lembra quando o acesso à internet era raro? Ou que o telefone móvel (vulgo celular) ainda era apenas um sonho? E em quanto tempo houve a evolução do mp3 para o mp5?

Por outro lado, essa democratização dos meios tecnológicos, mais precisamente da internet, tornou acessível a violação de privacidade (orkut), a veiculação de pornografia (youporn), a disseminação de ideais preconceituosos e um poderio da mídia de construir uma realidade fantasiosa que muitos acreditam. Além disso, o controle sobre a imprensa ficou quase que impossível. Já imaginaram se Getúlio Vargas surgisse agora e quissesse manipular os meios de comunicação?

Notou o grau da situação? Qualquer um, se quiser, pode expressar a sua opinião através da internet, como eu mesma estou fazendo nesse blog. Qualquer um pode espalhar um boato e isso pode ter enormes conseqüências, dependendo a quem ou o que está se referindo.

Então, perceba que o número de atores nessa difusão da informação também aumentou e, conseqüentemente, a responsabilidade pela ética não cabe, agora, apenas aos comunicólogos, mas ao público juntamente. Mas como controlar um consumidor revoltado com uma empresa? Quando você é super mal atendido em uma empresa conceituada, a sua vontade não é de contar pra todo mundo e pedir pra que nunca mais comprem na tal empresa?

O meu intuito seria falar sobre como o RP trabalha nesse contexto, mas decidi levar o foco dessa discussão para outro lado, até mesmo pra encaixar melhor no real propósito que esse blog foi criado.

Há um tempo atrás, não muito, lutou-se pelo direito à liberdade de expressão, de opinião, de acesso à comunicação e tudo mais. Conseguimos! Pra quê? Pra ficarmos xingando uns aos outros? Apenas criticar e falar mal? A proporção de matérias drásticas, de catástrofes e de fofoquinhas é muito maior do que matérias científicas, com informações que realmente acrescentem o nosso conhecimento.

Discutir acerca da ética pode estar em alta. Controle de qualidade, deontologias, comitês de ética e conselhos de imprensa vêm surgindo cada vez mais pra tentar controlar esses meios. Mas como já foi dito, é quase que impossível! Acho que é preciso que cada ator desse processo busque uma responsabilidade geral e solidária, já que conseguirmos a liberdade de comunicação. É preciso uma democratização da verdadeira informação.

Por acaso, você faz a sua parte?






Ellen Suzuki

terça-feira, 23 de outubro de 2007

rp = festinha??????

Apoio. Cerimonial. Eventos. Patrocínio. Preciso de uma faculdade pra fazer isso? Por que você pensa que é o relações públicas quem faz esse tipo de coisas? Qualquer um é capaz de fazer isso, é só ter um pouco de simpatia misturado com um pouco de jogo de cintura! É a mesma coisa quando me dizem que eu tenho que ser mais falante e mais extrovertida, já que estou fazendo RP. Por acaso faço relações públicas ou relações sociáveis?

É revoltante quando fazem esses tipos de comentários ou quando me pedem esses “favores”, é ainda mais revoltante quando uma própria estudante de RP me disse que entrou pro curso porque “adora organizar eventos”, mas tudo bem. O que me conforma é que ela ainda está no primeiro semestre e vai aprender que não é nada disso. Ela pode demorar, mas um dia vai entender o que realmente significa essa profissão. Ela vai... mas e a minha mãe?

É bem difícil pra ela e pra muitos outros entenderem essa “nova” profissão. Primeiro porque as relações públicas não têm uma única definição, não tem uma única frase que eu possa atribuir para o que eu vou exercer. Isso às vezes me dá uma certa insegurança...

O fato de raras pessoas quererem seguir a área acadêmica também contribui. Acredito que 99% da minha sala não pensa em um dia ministrar aulas de relações públicas em alguma universidade. Então como ter uma visão mais contemporânea sobre a desenvoltura do profissional no atual contexto sendo que nossos professores apresentam as mesmas matérias há pelo menos confirmados 10 anos (isso se não forem muitos mais)?
Cadê o empreendedorismo? as inúmeras novas tecnologias? a famosa dialética?
Mas isso foi mais um desabafo, que com certeza é algo que todos já pensaram e se perguntaram.
E então, o que podemos fazer?
Ellen Suzuki

quinta-feira, 18 de outubro de 2007


Egoístas! Será?

Não vamos nos prender a discussões clássicas, nem a debates que não levam nada e ninguém a lugar nenhum...

Impressionante! Essa temática tem percorrido a maioria dos blogs e discussões (às vezes ao pé da letra) dos colegas de sala. A impressão que tenho é que muitos dos alunos de RP estão mesmo cansados de falar, falar, falar, ouvir, ouvir, ouvir, e não chegar a nenhuma solução, nem sequer a uma conclusão.
À primeira vista, todas as discussões parecem tomar o rumo do “lugar nenhum”, mas observando com mais atenção, não é o que parece acontecer. A diferença está na demonstração de tal cansaço de alguns alunos e profissionais e na tentativa de desconstruir conceitos jogados nas nossas fuças ou inspirados no estrangeiro (como diria nossa amiga Thaís).
Pode parecer egoísmo de minha parte, mas fico muito feliz com tudo isso, já que também não agüento mais passeios em círculo em torno das Relações Públicas.
No entanto, sejamos realistas! Penso, ou pelo menos espero, que todos saibam que somente desconstruir não basta. É claro que este é o primeiro passo, mas sugiro que andemos logo para o segundo, antes que toda essa a demonstração de cansaço destruição de conceitos tornem-se mais discussões clássicas e debates que não levam nada e ninguém a lugar nenhum.

Flávia Zago

domingo, 7 de outubro de 2007

RP empresarial mais uma vez?


Um tombo do pé de manga.

Por que a maioria dos profissionais só enxerga o RP como um comunicador empresarial? Por que até dizem “comunicação organizacional”?

De verdade? Chega de brincar de RP. Agora vamos falar sério.

O contexto socioeconômico do surgimento de uma profissão, é claro, diz muito sobre sua função e a atuação do seu profissional. O fato é que a realidade brasileira foi muito distinta da realidade de efervescência política, econômica e social vivida nos Estados Unidos quando do surgimento das Relações Públicas. Tudo isso, lógico, faz toda a diferença. Aprendi isso com um texto do Júlio Pinho.

Nos Estados Unidos, terra do Tio Sam, a profissão nasce como resultante da organização do movimento sindical e suas ideologias marxistas. Era uma época de intensa mobilização dos grupos sociais, do fortalecimento da opinião pública. E aí, cai do céu a figura do RP. O cara capaz de administrar os conflitos com a opinião pública. Uma briga só para conquistá-la e amansá-la. O RP como um verdadeiro domador.

No Brasil, terra do Carnaval, as RP importadas surgem com um pé na administração pública. A bola da vez era fazer campanha dos órgãos públicos. E Vargas e o DIP sabem bem disso. Era só conceito e imagem, imagem e conceito do governo.

Mas e aí? Aí que nesse pedaço brasileiro do mundo das Relações Públicas é como se tudo se resumisse à comunicação da empresa com o público interno, externo, misto e com a imagem de empresas e pessoas. É essa história de imagem percorrendo as décadas...

E a tal da função política das Relações Públicas? (Boas vindas ao Porto Simões!) Acho que todo mundo matou essa aula. Cadê a proposta de diálogo e consenso entre os interesses conflitantes? E não me venham falar de “conflito” com o RP na empresa ouvindo e atendendo os funcionários! Ou será que todos esquecem que a mesma mão que contratou os funcionários também contratou o RP? É muito difícil entender a qual interesse o RP serve dentro de uma empresa?

Aqui, as RP não vinculadas às práticas democráticas, às questões políticas e sociais, acarretam uma crescente subutilização da profissão. Isso tudo do ponto de vista de uma futura RP angustiada e em crise profissional. No caso, eu!

A gente estuda Antropologia Cultural, Teoria Política, Planejamento Participativo, Realidade socioeconômica e política brasileira, Psicologia, Sociologia (e aprende até da indústria cultural!), Ética, Economia, Filosofia...pra quê? Pra saber como fazer um público comprar um produto? Pra deixar a empresa como boazinha depois de degradar o meio ambiente? Pra gerir uma crise e continuar fazendo lucro pra empresa? Tudo bem, tudo bem...Eu sei que tem Marketing também. Mas eu não consigo ficar conformada com essa atuação depois de assistir ao documentário “The Corporation”. Você consegue? É conformismo mesmo ou só enxergar a realidade?

Concordo que há uns bons tempos a profissão vem tratando das grandes questões contemporâneas. Tem RP que se preocupa com os movimentos sociais, com as ONGs, com as políticas públicas, com o governo, com a participação da sociedade civil etc. E acredito que as coisas devam caminhar por aí mesmo.

Sem hipocrisia. Claro que dá pra trabalhar em empresas e boa sorte se sua vontade for essa! Mas tem tanta coisa ainda pela frente que dá pra ser resolvida por um RP com dialogicidade de verdade, ou será que eu estou criando uma ideologia da profissão?

Enfim...Dá pra alguém olhar pros verdadeiros problemas do mundo um pouco? Ou só pros do Brasil então? Que tal diagnosticar a realidade brasileira antes de se formar?

Chega de empresa, empresa e empresa...

E aí eu subo no pé de manga outra vez.


Thais Marin


Para saber mais, consulte o texto “O CONTEXTO HISTÓRICO DO NASCIMENTO DAS RELAÇÕES PÚBLICAS” de Júlio Afonso Pinho, no endereço: <http://www.jornalismo.ufsc.br/redealcar/cd3/rp/juliopinho.doc>.

Comunicólogo como um educador. Você já parou para pensar sobre?

Abro minha discussão esclarecendo que o que será abordado e discutido agora pode ser pensado, analisado e aplicado em diversos âmbitos de atuação do profissional de Relações Públicas. Vale a pena voltar a uma certa indigestão que eu mesmo levantei na primeira postagem desse blog, a questão de “anular o sujeito da sua própria história”.

A atuação de um Relações Públicas, como comunicador deveria levar em questão o fator educativo da comunicação, uma educação comprometida com transformações que envolveria a realidade e o contexto no qual está inserido. Educação é comunicação, não apenas como transferência de saberes, mas como diálogo, como troca de saberes, como problematização do próprio conhecimento. E esse conhecimento só se constrói na relação homem-mundo, em que o homem sendo apenas passivo desse processo não desenvolveria relações de reflexão, de crítica, ou melhor, de transformação.

Na minha perspectiva apropriada à educação, atribuiria aos profissionais da área que enxergassem como a humanização do homem, de propor ao ser humano questionar-se e se questionar em relação ao mundo. Porém, esse aspecto discutido só pode ser aplicado em um ambiente a partir do momento em que se conhece a visão de mundo dos sujeitos, para que, dessa forma, não haja confronto na sua totalidade.

Finalizo deixando uma reflexão para nós profissionais de Relações Públicas: Em algum momento vocês pararam para pensar em desenvolver um trabalho de comunicação pensando no ser humano como construtor e sujeito da sua própria história? E mais. Em algum momento vocês pararam para refletir sobre o aspecto de além de comunicador ser um educador? Alguma vez você pensou em trabalhar essa questão ao invés de se preocupar com a comunicação interna ou externa, ou mesmo com os meios de comunicação, de qual seria mais apropriado para esse outro tipo de público?

Antes dessa reflexão, acredito que deveríamos para tal analise dar um passo para trás, com o intuito de sairmos do contexto o qual estamos inseridos para que pudéssemos analisar, refletir, criticar e claro, transformar.

Obrigada

Tania Russomano

domingo, 30 de setembro de 2007

Ombudskvinna


A palavra “ombudsman” tem origem sueca. “Ombud” quer dizer representante e “man”, homem. Segundo a Wikipedia, “ombudsman é um profissional contratado por um órgão, instituição ou empresa que tem a função de receber críticas, sugestões, reclamações e deve agir em defesa imparcial da comunidade”. Porém, alguns teóricos da etimologia atribuem para o termo um outro significado citado nesse blog aqui: http://ombudsman-apv.blogspot.com/2005/07/ombudsman-verdadeira-origem-da-palavra.html. Pode estar meio desatualizado, mas garanto que pode ser muito útil, principalmente contra o mau-humor (até pensei em colocar esse significado alternativo direto no mangacomleite, mas achei melhor, por motivos de discrição, deixar em link só para quem realmente quisesse ler).

Bom, vamos à difícil tarefa de comentar os blogs dos meus companheiros de sala.

Decidi escrever uma crítica geral, sem citar blogs ou pessoas, para não me ater a descrições, nem a comentários pontuais, mas simplesmente questionar qual o verdadeiro objetivo dos blogs e se há outras formas de utilizá-los. Quanto à “defesa imparcial da comunidade”... acho que vai ter que ficar para depois.

Achei muito interessante poder ler textos produzidos por meus amigos. Muitas vezes, estudamos na mesma sala, mas não temos a chance ou a curiosidade de pegar trabalhos ou outras produções dos colegas para ler. A atividade proposta em uma disciplina tornou-se transformadora porque percebi a qualidade desses textos e aprendi muita coisa que não encontraria em livros de teóricos das Relações Públicas já consagrados.

Contudo, também tenho uma crítica que espero que seja construtiva. Ao buscar em alguns blogs opiniões sobre assuntos ligados às Relações Públicas, encontrei alguns textos que apenas traziam informações reproduzidas. Não que elas também não sejam válidas, é uma outra maneira de repassar o que foi visto, mas, acredito que o uso desse meio de comunicação poderia se tornar mais fértil se pudéssemos expor idéias diferentes das encontradas em alguns sites de comunicação empresarial, em descrições das ferramentas de Relações Públicas e dos campos nos quais o profissional pode atuar, etc. Na verdade, acredito que todos têm contribuições muito profundas para dar, mas é preciso esquecer a lógica apreendida desde a escola e reafirmada por grande parte dos professores universitários de que um trabalho serve apenas para escrever de um outro jeito o que já foi dito.






Aplaudo à Carolina, do blog Conhecendo Relações Públicas, que citou como se pode explorar esse espaço virtual que é o blog e todas suas características e possibilidades ao máximo, destacando-se sempre a reflexão.

Essa é, com certeza, uma opinião nada imparcial sobre o que me atrai ao abrir cada blog para ler. Diga-se de passagem, idéias novas, questionamentos de modelos já padronizados e propostas de mudanças me atraem seja onde for.



Ah! E ombudskvinna é o feminino, em sueco, de ombudsman.






Postado por: Valquíria

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

RP em RH?

Será que é possível? Mas os recursos humanos não é área dos psicólogos?


Recursos Humanos não é apenas seleção e treinamento de colaboradores, mas também pode cuidar do bom funcionamento comunicacional e conseqüentemente da harmonia do ambiente organizacional. Essas últimas funções citadas não engloba a psicologia, mas sim as Relações Públicas.

Para que haja a eficácia na comunicação organizacional é de extrema importância que a instituição seja integrada e, para isso, é essencial manter as equipes inteiradas e motivadas. Dentro dela é preciso que apenas um ideal sobre a empresa seja passado, criando um bom senso comum na empresa...

Bom senso. Mas o que seria esse "bom senso", sendo que cada um tem o seu? Criar um bom senso comum dentro de uma organização cabe ao profissional de Relações Públicas disseminar através de um programa de comunicação interna que seja eficiente, esclarecendo a verdadeira missão, objetivos e metas da organização onde as ações equilibram os interesses tanto internos, quanto externos.

Dessa forma, o Relações Públicas cria uma ação política para um ambiente estratégico de incentivo para que os colaboradores sintam-se parte da organização e não apenas mais um dentro dela. Assim, desenvolve um lado humanizador Fazer com que eles "vistam a camisa" da empresa e comprometam-se com ela, firmando ainda mais a identidade organizacional.

Ellen Suzuki

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Nova combinação - nada indigesta


Manga com leite - aproveitando a proposta do nosso blog, este texto trata rapidamente de outra combinação que não é indigesta, nem fatal: Relações Públicas, Publicidade e Propaganda.
Tais atividades são classificadas como distintas no campo comunicação, mas é inegável que suas cargas teóricas, técnicas e ferramentas se assemelham e podem atuar juntas.
Um exemplo disso é a propaganda institucional. Muitos comunicólogos consideram que a Propaganda Institucional - denominada por alguns autores americanos de Propaganda de Relações Públicas- é uma área em que as atividades de Relações Públicas e Propaganda se integram.
As informações divulgadas a respeito de uma organização, seus recursos e políticas, permitem que os públicos se predisponham a uma atitude mais favorável perante a empresa e seus produtos. E uma das áreas de atuação das relações públicas organizacionais é justamente estimular a confiança entre a instituição e seus clientes, trabalhando a favor da “boa imagem” institucional.
Além disso, a estrutura comunicacional da Publicidade aproxima-se das relações públicas no sentido de buscar convencer um público. Para que isso aconteça de maneira eficaz, deve-se primordialmente detectar o público alvo e escolher a melhor forma de levar a informação a ele, tudo isso sem contar o quanto uma pesquisa de mercado pode auxiliar na venda e na fixação da marca de um determinado produto. E essas são algumas áreas de atuação das Relações Públicas.
Esta é uma breve postagem do Manga com Leite que diz respeito a apenas um exemplo de atuação das Relações Públicas em conjunto com outras áreas.





Flávia Zago

domingo, 23 de setembro de 2007

RP herói ou “Você discorda?”

Eu, definitivamente, cansei.

Não com tanta ênfase como dei na frase, mas cansei sim. Cansei daquelas eternas discussões que todo estudante de Relações Públicas (tudo bem, o “todo” é mentira. A gente sabe que grande parcela dos RPs nunca pararam pra pensar nisso) já discutiu em algum momento da sua vida: o que é, na verdade, a atividade de Relações Públicas?; faz diferença ser formado em uma faculdade pública ou particular?; o estudante da faculdade pública tem que se dedicar ao “social’ pra devolver à sociedade o seu “investimento” nele?; como ligar a teoria às técnicas?; o que o mercado deseja de um RP? etc.

E muitos outros blá blá blás que são essenciais, mas que pensados de modo cartesiano, maniqueísta e sem qualquer embasamento não levam a lugar algum. Mas, como boa teimosa, eu continuo a querer discutir essas mesmas e desgastadas questões. Um dia alguém muda de idéia (ou de profissão...).

É fato que não há uma consciência de categoria entre os profissionais de RP. E isso fica comprovado quando esses mesmos profissionais vão a encontros, congressos e seminários e palestram sobre sua própria experiência mercadológica. Até aí, tudo lindo! Mas quando a discussão começa a partir pras raízes da profissão, pra sondar seu real significado e importância, cada um foge pro seu lado. Todos ficam presos ao seu mundo de trabalho, às suas razões que servem de guia no dia-a-dia e não se abrem a novas idéias, não se questionam se o que fazem é realmente ético (“Eu trabalho lá, é claro que minha empresa é ética!”) e não ficam frustrados em falar que seu cargo na empresa X é “Assessor de Comunicação” ou “Assessor de Marketing” ou “Gerente de Comunicação” ou “Assistente de Propaganda” e muitos outros ous que não ajudam a fortalecer a categoria e a atividade, que, aliás, é RELAÇÕES PÚBLICAS!

Se a própria categoria não se garante, o que será de concordar nas reais áreas de RP?

E essa discordância (ou uma concordância generalizada e superficial) é fácil de se encontrar em muitos TCCs (salvo umas boas grandes pesquisas), onde o RP sempre salva o mundo. Em qualquer lugar onde haja um problema, chame um RP! Ele e suas estratégias de comunicação vão fazer seu negócio bombar! É como se todos os problemas se resumissem à comunicação. Isso é não enxergar o “todo”, não enxergar o processo de construção de identidade em qualquer instituição. E disso decorre um endeusamento maníaco da profissão. Muitos estudantes (e eu me incluo nisso) acreditam que estão fazendo o melhor curso do mundo, pois, afinal, o RP sempre dá um jeito em tudo, ele é o grande solucionador. Na na ni na não! Esse RP herói é conseqüência de uma não essência da profissão. Todo mundo faz RP e cada um faz do seu jeito, cada um acha uma coisa e ponto final, e assim tudo passa.
Ontem, tive o privilégio de presenciar em uma palestra no I ERERP – Encontro Regional de Estudantes de Relações Públicas, uma das componentes da mesa dizer: “A diferença está na construção”. Exatamente! Bingo!

Pensando isso na formação, você pode obter sua graduação na Unesp ou na Fafofipa, você vai ter o título de RP do mesmo jeito. A diferença é o caminho percorrido até a conclusão da sua formação.

Discutir as diferenças de faculdades públicas e particulares não é tarefa tão simples. Vale lembrar o papel da universidade pública na sociedade, o papel do governo, o papel do homem como cidadão e uma pancada de papéis mais. É claro que cada ser humano vai decidir a área em que deseja atuar, afinal, ele não é o sujeito de sua própria história? Entretanto, o ponto crítico é esse “sujeito” não se esquecer de que está inserido em uma sociedade e que é parte dela, que a constrói ao mesmo tempo em que é construído por ela. E aí, é óbvio, que sua atuação faz toda a diferença pro seu entorno social. Você passou no vestibular a duras penas e agora quer gozar da faculdade e ganhar uma bolada de dinheiro em uma multinacional? Ótimo! Só não se esqueça de três perguntinhas básicas: quem paga a sua conta?; quem fala pra quem nessa organização? e como ela afeta a comunidade e você?

E quando se fala em responsabilidade social? Ahh! Socorro! Pra mim as coisas são simples. São três pontos distintos que se confundem entre as discussões: 1-o papel do homem como cidadão, como ser que participa e contribui; 2-o estudante de universidade pública, que pela construção histórica da própria universidade, é encaminhado a desenvolver pesquisas que, de algum modo, contribuam para a sociedade (mesmo que seja pesquisar o quanto um comercial de cerveja ou uma marca qualquer influenciam as pessoas) e 3-o Relações Públicas que, dentre as áreas de atuação, e com seu papel ético, realiza, constrói e pesquisa atividades de responsabilidade social e não de assistência social. Mas eu deixo toda essa discussão para uma próxima postagem...

E, por amor às rugas dos bons teóricos, teoria e prática andam juntas! A famosa “teoria” é, no limite, refletir sobre sua atuação, questionar o seu por quê, buscar embasamento pra atividade e não se debruçar sobre “O Capital” (em alemão!) e ler até criar barba feito o Marx! A regra é fácil: não vale reproduzir. E, sim, produzir. Mesmo que a produção seja um emaranhado de outras produções. (Eu não acredito em imparcialidade mesmo...) A regra é: pense sempre! Aliás, o estudante está na universidade pra aprender a pensar e muitos demoram pra descobrir isso ou nunca descobrem. Como ouvi uma vez: “a universidade é o momento de você experimentar, testar, questionar o seu conhecimento (boa!), pois no mercado ninguém tem tempo pra isso”.

Sinceramente? Parodiando o velho Vanderbild, “o mercado que se dane!” Tá, vou deixar a revolta de lado. Mas que fique claro que quem faz o mercado são as pessoas! (Salvo o poder das verdinha$$$) Atrás das grandes empresas e corporações existem pessoas. Sim, de carne e osso! Como eu e você! Lindo isso.

Ufa!

Reclamei, reclamei e reclamei. Você discorda? Acha que eu só falei abobrinha? Perfeito! Essa é a idéia! Eu apenas contei a minha leitura das Relações Públicas e seus contornos. Agora conta a sua! O conhecimento se constrói na dúvida e não nas certezas, vamos construí-lo então!

E, por hoje, chega.

Obs: E que fique certo que o meu “Cansei” é completamente diferente do Movimento Cansei da Praça da Sé. Eu, de verdade, tenho pequenos motivos pra estar cansada.

Thais R. Marin

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

O que é Relações Públicas Comunitárias?

O que é Relações Públicas já é uma pergunta que poucas pessoas se atreveriam a responder com alguma certeza. O que é Relações Públicas Comunitárias torna-se, então, uma definição ainda mais complexa.
Além do significado do termo, creio que uma questão a ser levantada é o respaldo teórico. Quais são as teorias que falam do assunto e quais metodologias são utilizadas? As mesmas que em comunicação empresarial? Qual é, em última instância, o objetivo das Relações Públicas Comunitárias?
Parece-me que, muitas vezes, as “Relações Públicas Comunitárias”, desenvolvidas em ONGs, no poder público, em empresas, ou até mesmo dentro de movimentos sociais, são utilizadas apenas em campanhas assistencialistas, em eventos para arrecadação de verbas, na comunicação de forma hierárquica, etc, que não visam a uma profunda transformação da sociedade. Elas são desenvolvidas externamente às classes oprimidas, ou seja, são realizadas para e não com essas. Ignorando, assim, a busca pela sustentabilidade, pela emancipação dos sujeitos e pela construção de uma sociedade igualitária.

“Longe de propor uma revolução ou ‘luta armada’, as relações públicas comunitárias neste sentido buscam o estabelecimento de canais mais verdadeiros de integração, onde o público seja realmente cidadão da comunicação. É fundamental para o relações públicas que ele se posicione como sujeito da história a serviço do coletivo e não como agente de criação de projetos para atender a fins individuais”.
Regina Célia Escudero César

Esta postagem é uma proposta de discussão que já foi iniciada em diversos meios, mas que ainda é escassa em outros.

Coloco aqui algumas indicações de sites e livros que falam sobre o assunto, para serem analisados, criticados e utilizados.

Sites:

http://www.comunicacaoempresarial.com.br/comunicacaoempresarial/artigos/comunicacao_corporativa/artigo9.php (de onde foi retirada a citação da autora Regina Célia Escudero César)

http://www.poli.usp.br/p/augusto.neiva/nesol/Publicações/IV%20Encontro/arquivos%20III%20Encontro/Rel-1.htm

http://www.poli.usp.br/p/augusto.neiva/nesol/Publicações/IV%20Encontro/arquivos%20III%20Encontro/Edu-5.htm

http://www.portal-rp.com.br/bibliotecavirtual/relacoespublicas/relacoescomospublicos/0015.htm

Livro:

Relações públicas comunitárias: A comunicação numa perspectiva dialógica e transformadora - Margarida e Waldemar Luiz Kunsch

Postado por: Valquíria P. Faustino

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

RP harmoniza relações?

Harmonia social. Um dos objetivos do profissional de Relações Públicas é harmonizar as relações? Mas o que significa harmonia no modo de produção capitalista? Não é a primeira vez que me pego pensando e analisando de um modo crítico essa definição da profissão de Relações Públicas encontrada em diversos livros de autores da área. Diante disso, para dar início a essa discussão acredito que o exercício do profissional no mundo globalizado contemporâneo não pode deixar de lado sua contextualização histórica. A profissão nasce no processo de desenvolvimento do modo de produção capitalista em que há dois eixos em contradição: de um lado aqueles que detêm o poder político e econômico e de outro aqueles que vendem sua força de trabalho. Nesse contexto de classes sociais distintas, a desigualdade marca as relações. Na atualidade, o modelo de produção capitalista que segundo Milton Santos é alimentado por um doutrinamento para o consumo, regulador das relações sociais e gerador da competitividade como regra absoluta ainda é evidente a presença dessas relações antagônicas entre as classes sociais. Sendo assim, de que maneira um profissional de Relações Públicas terá como objetivo harmonizar (conciliar) relações se no próprio contexto em que ele está inserido não há uma disposição ordenada das classes. O profissional de Relações Públicas em nenhum momento deve se dispor a tentar conciliar as relações, pois, dessa maneira, estaria anulando o sujeito da sua própria história. O exercício das Relações Públicas é fazer mediações, gerir conflitos, ou seja, ser um gestor da comunicação. Portanto, finalizo minhas contribuições por aqui tentando fazer uma reflexão sobre como desconstruir algumas normas pré-estabelecidas da profissão que é o intuito do nosso blog.

Tania Russomano